Nossa! Eu não me sentia assim há muito tempo!Me sinto uma Deusa, uma sedutora, me sinto perfeita, me sinto linda, charmosa, me sinto poderosa, me sinto mulher e não uma menina.E como eu sei seduzir... tinha me esquecido disso, andava me sentindo tão feia, tão desmotivada. Tinha esquecido o poder do meu toque, que sei muito bem como e onde tocar, que sei enlouquecer alguém, que posso deixar alguém apaixonado.Mas eu também me apaixono. Adoro o jeito como ele reage aos meus carinhos, o calor dele, o contato, a pele, a boca, os beijos, ah... os beijos... são um capítulo à parte. O ritmo da música... nosso beijo tem uma trilha perfeita. Um CD inteiro que se repete várias vezes e que vai levando minhas mãos para a nuca dele, que vai fazendo com que eu o toque com a intensidade perfeita, os carinhos na face, quando ele diz que eu sou linda... e me toca o rosto, com cuidado, como se eu fosse desintegrar se ele segurar muito forte, mas depois ele me aperta a cintura, me puxa, e me beija a boca forte, como se fosse a última coisa que ele vai fazer no mundo. E quando ele segura meus cabelos pela nuca... e passa a outra mão pelo meu pescoço, pelo meu colo... e recomeçamos tudo de novo. Várias vezes, uma noite é pouca, muito pouca, tanto que estou quase sem dormir há algumas noites, mas mesmo assim quero mais, quero muito mais.A pele combina, os corpos se encaixam perfeitamente, milimetricamente. A boca descobre novos cantos, descobre o imenso universo que há entre os lábios. Descobre movimentos, ritmos, descobre o frio, o calor, descobre o seco, o molhado, descobre a língua.E a língua... ah! A língua. Os movimentos possíveis, a sincronia, é uma dança que acontece na boca, como dançar juntinho, coladinho, e girar, e rodopiar, e querer roubar um pedaço, e querer ter, e querer ser, e querer,só querer... E não é, nunca é um ato egoísta. E a língua não dança só com a outra língua. Ela tem amantes, e ela procura outras partes, e é aí que as mãos ajudam... as mão dele, as minhas, sabem exatamente o que fazem, sabem exatamente dar prazer, não é necessário palavra alguma, embora eu solte algumas, a maioria inteligível, balbuciadas, junto com gemidos, que sempre procuram a orelha, palavras que não procuram ser compreendidas mas sim sentidas, palavras que saem de dentro, palavras que saem quentes, com cheiro do meu hálito, com a intenção de acariciar, palavras que tocam a pele, palavras que massageiam, palavras que serpenteiam pelo corpo e se transformam em vontade, em gana, em desejo
HELENA FERRAN